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A REALIDADE DA SAÚDE BRASILEIRA SEGUNDO SOUTO.



O ministério da saúde promoveu, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inclusão de uma pesquisa suplementar de saúde na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), em 1998, para geração de informações populacionais atualizadas sobre o consumo de dos serviços de saúde no país.


Cerca de um terço da população brasileira não tem serviço de saúde de uso regular;


O tipo de serviço usado como porta de entrada de saúde varia segundo a idade, o sexo e, principalmente, a renda familiar. As pessoas mais jovens e aquelas com menor renda familiar têm como porta de entrada mais usual os postos ou centros de saúde, enquanto o consultório privado é mais procurado por mulheres, idosos e pessoas de nível mais alto de renda;



Aproximadamente cinco milhões de pessoas referiram ter necessitado dos serviços de saúde, mas não os procuraram, sendo que a justificativa mais frequentemente apresentada foi a falta de recursos financeiros;


O acesso a consultas médicas e odontológicas aumente expressivamente com a renda e é maior nas áreas urbanas;


Cerca de um em cada cinco membros da população brasileira nunca foi ao dentista, sendo que entre os residentes em área rurais um em cada três pessoas jamais consultou o dentista;


Entre as pessoas atendidas, cerca de metade teve seu atendimento realizado através do Serviço Único de Saúde (SUS) e aproximadamente um terço das pessoas referiu ter utilizado plano de saúde;


O atendimento recebido foi bastante bem avaliado pelas pessoas que usaram o plano de saúde;


Aproximadamente sete pessoas em cada 100 habitantes foram hospitalizadas no ano que antecedeu a pesquisa, esse coeficiente não variou entre residentes das áreas rurais e urbanas e foi maior para as mulheres;


Inversamente ao observado para o uso de serviços de saúde em geral, que aumenta à medida que aumenta a renda familiar, a frequência de internações decresce à medida que aumenta a renda familiar;


Esses dados confirmam a percepção antiga dos profissionais de saúde pública de que as necessidades em saúde apresentam forte gradiente social e tende a ser desfavorável aos indivíduos em posição social menos favorecida. Observasse também no Brasil que o número de pessoas que referem problemas de saúde diminui a medida que a renda familiar aumenta, definindo um padrão de marcadas desigualdades sociais em saúde.



Por outro lado, a dificuldade é tão grande em conseguir um atendimento que, quando este ocorre, há uma predisposição para aceitá-lo sem questionamento, já que uma segunda chance é quase impossível, apesar de o sistema público e maioria dos planos de saúde não limitarem o atendimento.


(...) A verdade é que não pode haver desenvolvimento sem saúde, nem saúde sem desenvolvimento. Conhecer o padrão de saúde e de adoecimento de uma comunidade de trabalho permite planejar o uso racional de recursos, normalmente limitados, para desenvolvimento de programas de promoção da saúde, elevando o padrão de saúde dos trabalhadores e, por consequências, de seus dependentes. Por outro lado, a redução do absenteísmo por doença e o incremento da satisfação do trabalhador com sua empresa levarão a um aumento de produtividade.


As empresas podem ser um importante fórum de discussão e implantação de práticas de programas educativos que visem a mudança de cultura e adoção de hábitos de vida saudáveis e redução de riscos auto impostos.


A escassez de informações sobre a população como um todo, em especial sobre a classe trabalhadora, é um grande desafio para o início de uma linha de pesquisa que, ao longo dos próximos anos, possa permitir o conhecimento da saúde física e mental dos trabalhadores. Senão do todo, pelo menos no âmbito das empresas mais bem organizadas e que tenham despertado para a relevância desse processo.



Atualmente, mais do que no passado recente, as empresas necessitam valorizar seu capital humano e criar meios de retê-lo, uma vez que a informação, a diversidade e a criatividade são as grandes ferramentas para inovar, competir e sobreviver. Desse modo, profissionais possuidores dessas habilidades são, em geral, cooptados pelo mercado e têm de receber da empresa onde trabalham remuneração e motivação para permanecerem a ela vinculados. Por outro lado o profissional pouco especializado se submete a qualquer coisa para preservar o emprego, muitas vezes com prejuízo para sua saúde ou da qualidade da sua produção. (...)


FONTE: Extraído e adaptado de: SOUTO, D. F. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Rio de Janeiro: Editora SENAC Nacional, 2003, 34-37.

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